Segurança e estagnação

Por vezes agarramo-nos às coisas. Agarramo-nos a objectos, a hábitos diários, a ideias/projectos que não conhecerão a manifestação, a crenças erróneas ou certas mas que não chegámos a verificar, a explorar. Esse agarrar dá-nos chão. Dá-nos segurança. Liberta-nos para podermos pensar, reflectir, tomar decisões e agir em outras coisas, prioritárias.

Mas vem um dia em que estamos a sós. Sem fogos para apagar. Ou as coisas não estão a correr bem como gostaríamos. E a rotina pesa-nos como uma condenação. Estagnamos. Há desconforto. Somos obrigadas a olhar à volta de nós e dentro de nós. A ser mentalmente flexíveis. Visitar ou revisitar aquilo a que nos agarrámos para verificar se ainda faz sentido. E crescer. Aprender. Aproximarmo-nos cada vez mais da verdade sobre nós mesmas e das leis universais. Ampliar os nossos conceitos de Amor, Compaixão, Responsabilidade, …Largarmos o pensamento mágico-infantil.

Quando estamos instaladas na nossa pseudo-segurança pode acontecer que um imprevisto meta tudo em causa e sejamos obrigadas pela força das circunstâncias a largar. A nossa alma quer mais de nós. A nossa alma tão ligada à própria Vida-Amor-Luz-Deus, a nossa alma sabe o que nos convém, o que nos fará mais feliz, autónoma, alegre, realizada. Ou seja, se não avançamos voluntariamente, avançaremos com dor, à força, até que os nossos olhos se abram. Por vezes a resistência é tanta que os nossos olhos só se abrem na hora da morte.

Quando já temos algum grau de consciência espiritual, sabemos que quando sentimos estagnação, precisamos mudar algo, em nós. Pensamentos, palavras, atitudes, lugar, pessoas. Os patamares de estabilidade são para restaurar as nossas energias e seguir em frente. Em direcção ao nosso Dharma. Ou seja, estarmos no lugar exato, trabalho exato e posição exata em que deveríamos estar.

Quando a estagnação acontece é porque já não cabemos nas caixas onde estamos. É necessário expandir a consciência, despertar os sentidos e transformarmo-nos.

Assim como um instrumento musical precisa de afinação por muito bem que estejas, que te sintas, sabe que podes sentir-te melhor. Afinar o nosso ser, polir as nossas arestas, sem o desejo de ser perfeita mas com a humildade de estar mais em comunhão com o nosso verdadeiro ser, que está mais próximo da alma, e esta alma, mais próxima da matriz divina, Deus, o Grande Criador, a Grande Luz, o Universo, a Vida. O que imaginares ou conheceres de mais elevado e divino. Refinarmo-nos para viver com maior entusiasmo e também seriedade. A verdadeira segurança é um lugar interior de comunhão com a Vida.

Recorrendo à meditação, sonhos de infância deixados para trás, sonhos nocturnos ou acordados no presente, ousar e percorrer o nosso caminho com maior autenticidade e alegria. Sê honesta contigo. O que é que o teu corpo, mente, alma precisam? O que eles necessitam?

Não dês uma resposta automática. A mesma velha resposta. Deixa a pergunta no ar. Deixa que venham a ti novas ideias. Cria espaço para que novas ideias possam emergir em ti.

Muita Luz e muito Amor